Finalmente, em 3 meses, estou a muito poucas páginas de ler a
Blitz de uma ponta à outra. A falta de tempo às vezes é inexplicável, e confesso que já tinha saudades deste meu vício mensal tão saudável (:
Lê-la foi sem dúvida a minha salvação, hoje, enquanto estava literalmente a vegetar numa sala de espera. E acabou por ser uma espera deliciosa.
Para além da incrível entrevista ao sempre carismático Liam Gallagher dos Oasis, o artigo de opinião do
Rui Tavares deixou-me boquiaberta, afinal, nem só de música se faz a
Blitz.
Intitulado
"O atraso do presente contínuo", numas meras duas páginas, este historiador tão dentro do século XXI vem falar do jornalismo e do que é ser jornalista, ontem, hoje e amanhã. O meu excerto preferido:
"A primeira intriga, jornalismo e nostalgia, não é muito difícil. Em primeiro lugar, só ilusoriamente o jornalismo é a matéria do presente. Como disse um grande escritor sueco, Stig Dagerman, “o jornalismo é a arte de chegar atrasado logo que possível”. Na verdade o jornalismo é o primeiro coveiro do presente, empurrando logo que possível as novidades para o passado.
(…)
O jornalista vive sempre no passado, uma espécie de passado ínfimo, olhando para o futuro, mas sempre no “imediatamente após”, recolhendo sempre os vestígios das coisas que acabaram de ocorrer. É como alguém que assiste à festa e depois varre o chão da sala. Decantando permanentemente esse passado instantâneo é impossível que o jornalista não fique saturado de nostalgia".Talvez não venha trazer grandes novidades, mas sei lá, despertou-me para uma forma de olhar para o Jornalismo que nem sempre é a habitual, e conseguiu dar um certo encanto àquilo que, de alguma forma, aprendi durante o estudo exaustivo de TCS (Teorias da Comunicação Social).
Bolas, sou uma saudosista incurável, e chamar a
nostalgia para bem perto daquilo que eu quero tanto fazer/ser, foi uma óptima tirada do Rui Tavares. O vinho de eleição dos jornalistas é mesmo o mais maduro. ;)